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Sob comando de Leão, PP entra em parafuso depois de derrota de Neto

Por Raul Monteiro*

O vice-governador João Leão, cujo controle do PP é contestado hoje pelos deputados do partido O partido baiano que paga hoje o maior preço por ter mudado de lado nas eleições de outubro é seguramente o PP. A legenda tinha uma situação confortável no consórcio que sustenta há pelo menos 16 anos o partido governista no Estado. Em troca do apoio político ao governo petista, fez órgãos importantes e secretarias de relevo, entre as quais a superestratégica pasta do Planejamento, que vinha sendo acumulada pelo seu principal cacique, o também vice-governador João Leão. A relação do governo com o partido caminhava sob pleno entendimento, o que garantia a seus membros e, especialmente, aos deputados, acesso livre ao Palácio de Ondina.

Tudo parecia caminhar a mil maravilhas até o próprio Leão encasquetar com a ideia de concorrer ao governo do Estado, animado com um alegado acordo com o governador Rui Costa (PT) pelo qual o petista, que não acreditava na hipótese de fazer o sucessor nem preparara um nome para tanto, renunciaria ao mandato para concorrer ao Senado, entregando ao aliado o comando do Estado. De fato, em alguns momentos o plano pareceu que ia decolar. Rui e Leão formavam uma dupla relativamente coesa, de cuja intimidade o PT e o PSD, segundo maior partido da coalizão, não conseguiam compartilhar e dividiam um interesse que convergia abertamente para o mesmo ponto.

O que eles não contavam era com a entrada em cena do senador petista Jaques Wagner, que resolveu melar o jogo ao impor à base, à revelia de Rui e para supressa de Leão, uma candidatura do PT ao governo. Com mais segurança do que qualquer outro líder do grupo, Wagner previra que, como aconteceu em 2006, ano em que se elegeu governador da Bahia pela primeira vez, uma vez consolidado no jogo presidencial, ainda que não ganhasse o pleito, o nome de Lula viria rasgando a base popular do Estado com a mesma capacidade de levar ao pódio qualquer nome que se apresentasse como seu candidato à sucessão estadual. Quanto a Leão, já tinha dado o que podia ao grupo.

Além disso, extrapolara os limites da ética com o seu PT e ele próprio ao ensaiar a dobradinha com Rui e forçara para fora do círculo do razoável o plano de disputar o governo, de forma que não podia mais permanecer na condição de aliado. Foi assim que Leão foi forçado a migrar para a candidatura de ACM Neto ao governo, levando todo o partido para a oposição. Não espanta que, com a derrota de Neto, as bancadas do PP que marcharam de bom grado para a sua campanha sob a liderança do vice-governador compartilhem hoje uma avaliação de que ele as levou a pagar um preço alto pela mudança e desejem agora, mais do que nunca, voltar ao curso político anterior.

Para viabilizar a retomada da relação com o governo, precisam, no entanto, de um aval partidário, decorrente da exigência natural do governador eleito Jerônimo Rodrigues (PT) de negociar com a sigla ao invés de com os deputados, que Leão, na condição de seu presidente estadual, não consegue dar. É isso o que move a insatisfação nas bases do PP contra a permanência do cacique no comando da agremiação, cujos prognósticos são de que só tende a aumentar. A acusação que fazem a Leão e a seu filho, o deputado federal Cacá, cotado para a secretaria de Governo de Bruno Reis, de terem negociado sozinhos o apoio ao prefeito, acendeu a fogueira na legenda.


Fonte:*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna

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