- Tribuna da Bahia
Tomate sobe 100% e é o maior vilão da ceia da Semana Santa
Entre os produtos que mais registraram aumento també está a batata, ingrediente que também faz parte dos pratos da Sexta-Feira Santa

Aqueles produtos tradicionais da Semana Santa estão literalmente com preços mais salgados. Diferentemente dos anos anteriores que tínhamos o bacalhau e o quiabo com os maiores preços na hora de comprar os produtos da ceia da páscoa, neste ano de 2019, entre os produtos que mais registraram aumento estão o tomate e a batata, dois dos principais ingredientes dos pratos da Sexta-Feira Santa e do domingo de Páscoa.
De acordo o comerciante Eliomar Chagas, 45 anos, tiveram vários fatores para justificar esse aumento. "A Semana Santa e a chuva foram responsáveis pelo aumento de preços de frutas e legumes. Entre os produtos que mais registraram aumento estão o tomate e a batata”, esclareceu.
O feirante Otavio Nere, 58 anos, relatou que a batata ficou, em média, 60% mais caro, enquanto que o tomate registrou aumento de 100%, ou seja, dobrou de preço. “Na comparação com o mesmo período do ano passado, os itens para o preparo da bacalhoada puxam a alta. A batata e o tomate obtiveram o maior reajuste”, explicou.
A dona de casa Celenise Batista, 59 anos, fala da dificuldade que tem na hora de fazer suas compras, ela ressalta ainda sobre os produtos usados para fazer ceia da Semana Santa.
“É um malabarismo na hora de escolher os produtos no supermercado. Às vezes compro apenas o que irei utilizar naquele dia, os outros produtos menos importantes, eu deixo de comprar quando estou selecionando as opções, neste caso, por achar os produtos muito acima do preço”, justificou a dona de casa.
Mito ou realidade
De acordo com o centro de estudos avançados em economia aplicada (Cepea), o tomate não é o vilão da inflação, esse é um mito que precisa ser descartado. Como foi dito, a oferta e os preços de hortaliças oscilam muito. “Se o produtor de tomate está ganhando muito nessa safra, mas nem sempre isso acontece em momentos de preços altos, é porque perdeu em outra situação”.
Ainda segundo a Cepea, o peso do tomate na composição da inflação é muito pequeno. “Apesar disso, não é a primeira vez que este produto bem como outras hortaliças é pego como “bodes expiatórios” para justificar altas na inflação. No passado, chegou a ser clichê culpar o chuchu por aumento da inflação”, explicou.
Os especialistas da Cepea explicam que na última década, com certa freqüência, a mídia vem atacando o tomate, que é seguido de perto pela cebola e pela batata, com “responsável” pela inflação. “Um grande equívoco quando se analisam as participações dos diversos grupos de produtos que compõem o índice de inflação oficial (IPCA)”, finalizou.
Mesmo no grupo dos alimentos, há outros produtos que têm peso mais significativo e, em alguns casos, maior dificuldade de serem substituídos. Por exemplo, o arroz, feijão e proteínas de origem animal.
Individualmente, cada hortaliça tem peso muito pequeno na composição de qualquer índice de inflação. Além disso, quando estão caras, acabam sendo substituídas. Assim se o preço do tomate está muito alto, o brasileiro reduz o consumo dessa hortaliça, consumindo outra que está com preço mais acessível.
O gerente de supermercado, Manuel Lopes, explica que apesar de alguns Hortifruti estarem acima do preço normal, existem outros produtos que não sofreram nenhum reajuste. “Alguns preços estão na mesma média de preço do ano anterior, como é o exemplo do bacalhau e do quiabo que se mantiveram estáveis”.